segunda-feira, 10 de outubro de 2011

MOSTRA AEROSPOSTALES DE EUGENE DITTBORN - 8ª BIENAL DO MERCOSUL - SANTANDER CULTURA


Olá pessoas! Estive na Bienal esta semana que passou, e em visita ao Santander Cultural, pude apreciar  as obras de Eugene Dittborn, artista chileno, bastante presente no cenário artístico atual e que tem uma maneira particular de construir e elaborar sua obra. As telas de Dittborn, não são propriamente telas, mas sim enormes painéis, feitos de um material similar ao TNT , alguns são literalmente costurados e têm em sua aparência, propositalmente, dobras, como que as de origamis (dobras montes e dobras vales), geradas pela forma que o artista as envia a cada lugar que as expõe pois a mostra de seu trabalho é de proposta itinerante, e o nome dela em si já diz como são enviados os seus trabalhos: Aeropostales de Dittborn.                                  
A meu entender, a idéia do artista é passar para cada um que as assiste, o conceito principalmente de identidade, mas também de morte, recordações e tempo. É possível analisar nos painéis, a idéia de Dittborn de transpor as barreiras sociais e fazer com que seus expectadores possam fazer uma conexão entre cada um deles e “viajar” por cada imagem que ele constrói de maneira aprofundada nestes conceitos.                                                              
Existe entre os painéis, um, que me impressionou muito e eu pude “viajar muito neste conceito de identidade proposto pelo artista,  onde Dittborn criou uma moldura com “digitais” falsas e que no centro ele fixou desenhos de rostos pintados por internos de hospitais psiquiátricos e fotos de pessoas marginalizadas e procuradas pela policia, onde, ele passa muito esta idéia de identidade. Eu, quando vi este painel em especial,  em minhas observações particulares, me questionei, se algum dia, aquelas pessoas tidas como “excluídas e marginalizadas”,  imaginaram sequer, que suas imagens estariam expostas como uma obra de arte, e mais, me questionei se, Dittborn, talvez,  não quisesse de fato criar este questionamento e deixar evidente que as imagens de rostos, mesmo que tão diferentes, quando todas juntas, tornam-se iguais, levando em consideração a história comum de todos e seu porque de estarem ali. Na verdade, interpreto que Eugene, quis criar a dúvida e o questionamento de sermos ou não diferentes, pois afinal, somos todos pessoas e a única coisa que nos separa das outras é a trajetória individual de cada um. Viram como pude “viajar” muito na minha visitação a Bienal?                                                                                                          
Bem pessoas, arte é muito relativa e cada um interpreta de forma diferente, mas o fato é que, a proposta da arte em si, é sempre a mesma, fazer as pessoas pensarem, refletirem e enxergarem ou chegarem além da compreensão comum, e quem gosta de arte sabe disso, e sempre que se depara com um cenário tão completo como o da Bienal, já vai, praticamente buscando entender o que se passou na cabeça daquele artista e entender a sua “loucura”, a fim de expandir suas próprias idéias e trazer ou guardar pra si, as impressões mais reais a sua sensibilidade e não somente, para ver o que “aquele cara louco” criou desta vez...Esse é o fundamento da arte e o ar que move a nós, artistas, principalmente porque vivemos em um mundo tão cheio de contrastes, conceitos e pré-conceitos  e muitas superficialidades, é que buscamos teorizar isso e transpor os paradigmas, com o objeto que temos em nossas mãos, as intervenções e criações artísticas em todos os campos. Queremos e propomos a quem nos observa e nos busca, mostrar outro mundo, seja ele feito de cor e fantasia, ou de música e poesia, mas um mundo onde as questões existem e estão ai pra serem feitas e se possível, respondidas por qualquer um de nós.
Queridos, fico por aqui, porque já me empolguei (pra variar, não posso falar de arte que me empolgo! Fazer o que? Ossos do ofício... afinal amo o que escolhi fazer!)  no post e deixo abaixo algumas das fotos que tirei na visita (que ficaram péssimas, algumas bem desfocadas e tremidas, porque minha bateria estava acabando e eu estava cheia de bagulhos nas mãos) e espero que visitem também e tirem suas próprias conclusões, e possam acima de tudo refletir muito, sobre tudo que o artista quer dizer e tudo que eu escrevi aqui. Beijos a todos e até o próximo post!





Minha turma de Artes Visuais

Constanza (minha colega de turma ), eu e Juliana (também minha colega), no lado externo da intervenção artística no Centro de Poa, na antiga prefeitura ou no "Teto do Centro" como chamei!

Nenhum comentário:

Postar um comentário