Olá pessoas!
Estive na Bienal esta semana que passou, e em visita ao Santander Cultural,
pude apreciar as obras de Eugene Dittborn,
artista chileno, bastante presente no cenário artístico atual e que tem uma
maneira particular de construir e elaborar sua obra. As telas de Dittborn, não
são propriamente telas, mas sim enormes painéis, feitos de um material similar
ao TNT , alguns são literalmente costurados e têm em sua aparência,
propositalmente, dobras, como que as de origamis (dobras montes e dobras
vales), geradas pela forma que o artista as envia a cada lugar que as expõe
pois a mostra de seu trabalho é de proposta itinerante, e o nome dela em si já
diz como são enviados os seus trabalhos: Aeropostales de Dittborn.
A meu entender,
a idéia do artista é passar para cada um que as assiste, o conceito
principalmente de identidade, mas também de morte, recordações e tempo. É
possível analisar nos painéis, a idéia de Dittborn de transpor as barreiras
sociais e fazer com que seus expectadores possam fazer uma conexão entre cada
um deles e “viajar” por cada imagem que ele constrói de maneira aprofundada nestes
conceitos.
Existe entre os
painéis, um, que me impressionou muito e eu pude “viajar muito neste conceito
de identidade proposto pelo artista,
onde Dittborn criou uma moldura com “digitais” falsas e que no centro
ele fixou desenhos de rostos pintados por internos de hospitais psiquiátricos e
fotos de pessoas marginalizadas e procuradas pela policia, onde, ele passa
muito esta idéia de identidade. Eu, quando vi este painel em especial, em minhas observações particulares, me
questionei, se algum dia, aquelas pessoas tidas como “excluídas e
marginalizadas”, imaginaram sequer, que
suas imagens estariam expostas como uma obra de arte, e mais, me questionei se,
Dittborn, talvez, não quisesse de fato
criar este questionamento e deixar evidente que as imagens de rostos, mesmo que
tão diferentes, quando todas juntas, tornam-se iguais, levando em consideração
a história comum de todos e seu porque de estarem ali. Na verdade, interpreto
que Eugene, quis criar a dúvida e o questionamento de sermos ou não diferentes,
pois afinal, somos todos pessoas e a única coisa que nos separa das outras é a
trajetória individual de cada um. Viram como pude “viajar” muito na minha
visitação a Bienal?
Bem pessoas,
arte é muito relativa e cada um interpreta de forma diferente, mas o fato é
que, a proposta da arte em si, é sempre a mesma, fazer as pessoas pensarem, refletirem
e enxergarem ou chegarem além da compreensão comum, e quem gosta de arte sabe
disso, e sempre que se depara com um cenário tão completo como o da Bienal, já
vai, praticamente buscando entender o que se passou na cabeça daquele artista e
entender a sua “loucura”, a fim de expandir suas próprias idéias e trazer ou
guardar pra si, as impressões mais reais a sua sensibilidade e não somente,
para ver o que “aquele cara louco” criou desta vez...Esse é o fundamento da
arte e o ar que move a nós, artistas, principalmente porque vivemos em um mundo
tão cheio de contrastes, conceitos e pré-conceitos e muitas superficialidades, é que buscamos
teorizar isso e transpor os paradigmas, com o objeto que temos em nossas mãos,
as intervenções e criações artísticas em todos os campos. Queremos e propomos a
quem nos observa e nos busca, mostrar outro mundo, seja ele feito de cor e
fantasia, ou de música e poesia, mas um mundo onde as questões existem e estão
ai pra serem feitas e se possível, respondidas por qualquer um de nós.
Queridos, fico
por aqui, porque já me empolguei (pra variar, não posso falar de arte que me
empolgo! Fazer o que? Ossos do ofício... afinal amo o que escolhi fazer!) no post e deixo abaixo algumas das fotos que
tirei na visita (que ficaram péssimas, algumas bem desfocadas e tremidas,
porque minha bateria estava acabando e eu estava cheia de bagulhos nas mãos) e
espero que visitem também e tirem suas próprias conclusões, e possam acima de
tudo refletir muito, sobre tudo que o artista quer dizer e tudo que eu escrevi
aqui. Beijos a todos e até o próximo post!
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